La Villa Residencial Senior

Depoimento de Familiares

Minha irmã me disse hoje, cedinho, que a netinha de
um ‘sênior’ entregou uma rosa para a nossa mãe, por
ela, por nós..
Eu tenho conseguido entregar, semanalmente, flores
para ela em formato de abraços, de beijos, de pizza,
de coxinha, de doce de leite com queijo, de mousse
de maracujá, de caixas de bombom , de velinha ‘puxa
saco’ para enfeitar a nova cozinha dela, de réplicas em
pelúcia de seu Rafinha de estimação e principalmente
de um tempo que eu só encontrava por obrigação, e
hoje, como ela, espero ansiiosa para chegar…
E tenho recebidos não apenas uma flor, mas
imensos BUQUÊS COLORIDOS por vê-la bem, em paz,
alimentada, hidratada, cheirosa, exalando o colorido
vibrante de seus vestidinhos que por um tempo
ficaram tão desborados e um brilho naquele par de
olhos verdes que há muito não via.
Voltando a contar casos, gargalhando das próprias
estórias, que um dia, possuidora de uma serenidade,
discernimento e consciência eram realmente
histórias…
Mas que importância faz???
Histórias ou estórias, hoje já sem começo meio ou fim,
o que vale é que ela voltou a se comunicar comigo de
uma forma serena e carinhosa.
PRECISEI ESTAR LONGE PARA FICAR PERTO…
Precisei abrir mão do cuidado diário, que por vezes
tentamos sem jeito e sem dom, para cuidar no formato

que consigo oferecer e que só bem tem feito para ela,
para a paz de minha irmã e muito mais para mim…
Deixei de deixá-la asilada em seu próprio apartamento
para matriculá-la em um LAR – “La Villa Residencial
Sênior”…
E assim, ao invés de abduzí-la de nossas vidas, como
é o julgamentos de muitos que se acham no direito,
ampliamos o nosso ciclo de convivência.
Às sextas, pós uma semana de trabalho é lá o
endereço certo de nosso ‘happy hour’…
E depois das curvas da estrada é só apertar o interfone
e ela vem a passos acelerados (Quem diria?) nos
receber na sala e se demoramos a subir, já na varanda.
Às vezes vamos aos pares, outras com o quinteto
completo, outras levando conosco pessoas que lhes
são caras e fizeram parte de sua história.
Já sabe tudo do seu novo lar…
Sabe do jeitinho de cada um que convive sejam
os coleguinhas ou as diretoras, coordenadoras,
professoras e cantineiras.
Sabe das esporádicas recreadoras.
Mas ao mesmo tempo não sabe o nome de ninguém.
Que diferença isso faz no auge de mais de 8
décadas???
Sabe que existem regras como o mundo aqui fora
e sabe também quando “pirracentamente” ignora as
regras e apronta mesmo.
Quando chegamos conta tudo…
Essa semana eu dei trabalho e aprontei.
E também conta que teve bingo e que não ganhou

nenhum bombom porque não venceu nenhuma
partida… Mas explica que é porque teve sorte no
amor porque tem um Edson, tem tudo!!!
Conta da aula de dança que tem passos de
‘estrelinhas’…
Conta qual o colega que anda mal humorado, que
um esreve adoentado, que seu amigo divertido tinha
pegado o ônibus e ido embora pós feriado – Ficou
triste e afirnamos que em breve voltaria. Aí aliviada,
porque gosta da companhia dele e gostam de fazer as
refeições juntos e na cozinha.
Reclana que não tem um ‘tostão furado’ e apesar de
afirmarmos que neste seu ‘novo mundo’ não mais
precisa manipular dinheiro, o capitalismo é ainda um
conceito muito presente.
Conta das voltinhas pelo quintal, na horta e da
mascote da casa – uma gracinha de gatinha.
Conta das missas com a menininha linda e carinhosa e
do bolo que não estava nada bom em um evento que a
levaram – rindo muito batizou a merenda de ‘engasga
lobo’…
Conta que quando tá brava para não dormir a moça
boazinha pega a mão dela e fica pertinho…
Pergunta TODAS AS VEZES pelos netos e se as férias
deles estão chegando, para irem passear com ela…
Pergunta se no dia vamos sair e o fala o que está com
vontade de comer, embora mesmo muito pensando,
acaba em pizza mesmo…
Se levo bombom divide com todos, embora para uns
percebo que é por mera educaçâo.

Conta que tem dias que a casa está cheia de visitas
e com sentimento relata que tem pessoas que nunca
recebem ninguém e que entra ano e sai ano a pessoa
não sai para nem uma voltinha, embora esteja lá pouco
mais de 2 meses.
Conta da comida gostosa, pois se avaliarmos pelo
cheiro, está mesmo com razão.
Conta que são muitas as meninas que cuidam e que
umas demoram demais para voltar, embora sabemos
que o rodízio da escala é o mesmo para a toda equipe.
Quando chego, já me avisa que é para passar
repelente (porque como pasam nela, também quer que
eu esteja protegida), já informando que ele fica perto
do telefone. E não é que fica lá mesmo???
Em poucos meses tenho tido mais histórias com ela
do que nos últimos 5 anos, com a partida de meu pai,
quando ela ficou mais revoltada, ranzinza e só nos
afastamos.
Recentemente uma ‘delas’

, como D. Vera as menciona,
me perguntou se a divido com ela, uma vez que sua
mãe já não se encontra mais entre nós. Repito mais
uma vez, neste dia todo especial QUE SIM!!!
Divido porque como mãe, quando temos mais filhos,
jamais dividimos o amor e sim o multiplicamos
exponencialmente.
E se encontrei no La Villa tantas irmãs para me ajudar
a cuidar de nossa mãe eu só tenho a agradecer a
cada uma de vocês, ao Pai do Céu que tudo conduz
e ao meu pai da terra, que certeza tenho, ter sido o
intermediador e facilitador de todo o processo.

Cada uma de vocês, que formam a equipe continuam
nas orações diárias minha e de minha irmã, pois tem
sido um presente perceber nossa mãe voltando a ser
o que sempre foi – sorridente, alegre, contadora de
casos…
Brava, teimosa e de personalidade forte nunca deixou
de ser…
Mas a magia de vocês tem sido minimizar a braveza e
ampliar os sorrisos largos sonoros e espontâneos…
E saibam que a cada dia que visitamos o La Villa
voltamos felizes pela mamãe e abastecidos de uma
energia inexplicável, pois o tempo dividido com ela e
seus atuais amigos, como diz meu marido, daria para
escrever um livro…
Dessa última vez me emocionou uma delas, sempre
tão séria e reservada, e ao me ver se aproximou com
um sorrido no rosto e me abraçou dizendo apenas: É
você que está aí?
Fiquei muito emocionada!
Vocês querendo dividir o amor de minha mãe e eu
multiplicando as mamães e papais de minha vida, pois
ter irmã única e ainda mais que mora do outro lado do
mundo não é nada fácil…
Por isso num ‘piscar de olhos’ ganhei como irmã
Polyane, Karine, Cláudia, Rosária, Cleide, Rose,
Graziele, Sônia, Melissa, Juliana, Letícia e Kézia.
Muito obrigada não é o suficiente e jamais será…